Meu parceiro de neve Djalma que instruiu no Chile, South Korea, Georgia, dentre outros destinos passa seu depoimento sobre Andorra:

Fui contratado para guiar e instruir um grupo de snowbordistas em março de 2020. Aproveitei e cheguei uma semana mais cedo para explorar mais a área.

Como estava sozinho e com um orçamento curto, fiquei no Alberg Rossell, no bairro de Escaldes, em Andorra la Vella. Gostei do ambiente simples e os quartos são para somente para 3 pessoas. Das 7 noites que passei lá, em somente duas havias 3 pessoas. Nas outras era eu e mais uma pessoa ou eu sozinho. 

Escaldes fica bem perto do calçadão de Andorra, onde estão a maioria das lojas, restaurantes, bares e supermercados. Gostei bastante da localização. Para chegar nas estações, tem que ir de ônibus. Se for para Pas (e de lá para Arinsal), é grátis. Para Grandvalira ou Ordino/Arcalis, precisa pagar. O melhor custo benefício é comprar um cartão de ônibus e carregá-lo com 10, 20, ou mais viagens. O valor das passagens diminui com o cartão. No final da viagem, pode devolver o cartão e pegar o valor que pagou de volta. 

Bus/ Transporte:

A tarifa de ônibus funciona por zonas, então quanto mais longe se vai, mais se paga. Por isso, a maioria das pessoas que ficam em Andorra (como os locais se referem a la Vella) vão até Funicamp, a primeira gôndola de Grandvalira no bairro Encamp, e de lá chegam até onde querem esquiando. Essa estratégia é ótima quando está tudo funcionando. Eu tive o azar de chegar lá e encontrar a gôndola parada por causa de vento. Então peguei (e paguei) outro ônibus até a próxima, em Canillo, que também estava fechada. Lá me falaram que Funicamp tinha acabado de abrir, então voltei (e paguei de novo), mas tinha fechado de novo. Para garantir, fui até o setor Grau Roig, que estava aberto a manhã toda. Nesse vai e vem, eu acabei pagando sei lá quantas viagens, mas naquele dia a neve estava uma delícia e valeu a pena o perrengue.

Para evitar esse tipo de problema, o mais garantido é ficar em Grau Roig ou Pas de la Casa, onde fiquei na segunda semana. Pas é o setor mais alto e, por isso, com melhor neve. É o bairro com mais opções de acomodação e restaurantes mas menos charme de montanha. 

Montanhas:

Agora as montanhas. A primeira que conheci foi a dupla Pal-Arinsal. A estação de Pal é acessada via gôndola saindo do bairro La Massana. Lá de cima, as vistas são lindas e as pistas são entre bosques. Muito agradável. Logo na saída da gôndola, fica a escola de ski com tapetes mágicos, perfeito pra quem está começando. No ponto mais distante da entrada, fica o teleférico que leva até o resort Arinsal, que é bem menor e sem árvores. Lá encontrei um amigo chileno que é instrutor lá ele me levou para conhecer o terreno. As condições são muito boas para quem já passou da fase inicial e quer evoluir, por isso, a maioria das pessoas em Arinsal está em grupos com instrutores. A quantidade de gente e o tamanho do terreno, faz com que a neve se deteriore mais rapidamente ali, por isso, voltei para Pal para aproveitar o resto do dia antes de pegar a gôndola de volta pra La Massana e depois o ônibus pro hostel.

A montanha de mais difícil acesso, porém que recebe mais neve, é a de Ordino/Arcalis. Tanto é que sedia uma etapa do mundial de freeride. Infelizmente, eu não conheci essa montanha e seu famoso fora de pista ( off piste)

Pistas :

Como já falei, Grandvalira é enorme, são uns 200 km de pistas. Dividida em setores, cada setor seria o equivalente a um resort como Pal, Arinsal, ou Arcalis. Pela qualidade da neve, eu fiquei quase o tempo todo nos setores mais altos, Pas de le Casa (Pas para os locais) e Grau Roig. Pas fica acima da linha das árvores então é difícil se perder e é um ótimo lugar para fazer fora de pista já que você vai estar sempre pertinho das pistas). Tem uma área de iniciantes com tapete mágico e pistas para todos os níveis, que se encontram na base. Grau Roig tem pistas descendo de 3 lados diferentes, algumas mais abertas e outras por bosques, terreno para fora de pista entre árvores, e um park com saltos para iniciantes, intermediários e avançados. Restaurantes na base, no meio e no topo. No fim do dia, a galera de Pas se reúne no bar na crista da montanha entre Pas e Grau Roig. Cuidado na hora de descer. Você tem 3 opções, a mais direta é uma pista vermelha que fica cheia de calombos no fim do dia; tem uma azul que vai serpenteando o lado da montanha que é a mais recomendada, e uma preta que é bem íngreme que muitas vezes, um gelo só.

Uma coisa que fez Andorra ficar famosa foi o bom custo benefício. Isso pode ser verdade se comparamos com os lugares mais caros da América do Norte ou dos Alpes europeus mas na minha percepção e de várias pessoas com quem conversei lá, é que se gasta o mesmo do que se gastaria em estações da Itália ou da Áustria. Mesmo não sendo aquela barganha que todo mundo fala, eu acho que vale a pena conhecer. As montanhas são lindas e bem cuidadas. Tem pista pra todos os gostos e muita coisa para ser explorada.


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